Ártemis, a irmã e competidora.

A deusa da caça e da lua. Ártemis é a personificação do espírito feminino independente. Ela nutre um sentimento de irmandade com mulheres e gosta de estar na natureza. Na mitologia, Ártemis teve um pai apoiador, Zeus, com quem compartilhava interesses e semelhanças. Ele a reconhecia e a encorajava, lhe dava lições especiais e equipamentos. A menina cresceu como uma criança ágil, do tipo “não me prenda” e logo se tornou uma pequeninha senhorita independente.
Mulheres sob forte influência desse arquétipo se recusam a desempenhar o papel de vítima. Mesmo diante das atrocidades, seu espírito indomável não se dobra. Elas sabem cuidar de si mesmas, agem por conta própria com autoconfiança e espírito independente. São mulheres que não precisam de aprovação masculina. Elas conseguem se concentrar naquilo que lhes é importante e, quando organizam a vida ao redor de seus amigos e daquilo que lhes interessa, possuem um sentimento de estarem inteiras em si mesmas.
A mulher Ártemis quer um trabalho onde possa expressar sua visão pessoal, quer iniciar um produto no qual acredita, quer defender uma causa ambiental ou feminista. Ela sente que sua identidade e senso de valor se baseiam no que ela é (e não no que ela faz ou no fato de ser casada com alguém). Diferentemente das deusas vulneráveis, Ártemis não projeta expectativas de que o outro a satisfaça, resgate ou proteja; assim como também não sente que só estará completa com marido, filhos ou amante.
Quais as dificuldades psicológicas deste arquétipo?
Esta mulher pode fazer os outros sofrerem, a fim de que ela própria não sofra. Pode também aparentar estar indisponível para quem a sua volta espera um pouco mais de carinho e constância. A força deste arquétipo faz com que a mulher despreze a vulnerabilidade e tenha dificuldade com homens que se tornem dependentes ou demonstrem fraqueza.
É comum enxergarem sua mãe como passiva ou fraca, lamentando por não terem uma mãe forte ou por não serem suficientemente fortes para mudar a vida de sua mãe. Então, determinadas a não ficar como a mãe, elas sufocam os sentimentos de dependência, evitam expressar vulnerabilidade e juram tornar-se independentes. O problema é que, ao rejeitar a identificação com a mãe, comumente rejeitam o que é considerado feminino, ou seja, a suavidade, a receptividade, o movimento em direção ao casamento e à maternidade.

Como se desenvolver?
Se você se identifica com Ártemis, saiba que humildade é a lição que a faz retornar para o seu lado humano. Perceba se você pode estar tão concentrada em seus próprios objetivos, que lhe falha notar os sentimentos dos que estão ao seu redor. É preciso tomar consciência disso para poder mudar, ouvir e considerar o que os outros dizem.
A mulher, aqui, precisa se confrontar com a sua própria destrutividade (seu javali selvagem). Por um fim nisso, antes que este aspecto de sua personalidade a consuma e arruíne seus relacionamentos. O desenvolvimento da compaixão e da empatia surge com a maturidade, a medida em que elas mesmas sofram ou fracassem. É aí que aprendem a ser mais vulneráveis e compreensivas, pois percebem que as pessoas são muito mais complexas do que imaginavam.
Como cultivar Ártemis em si?
Se o que você esteja precisando é de um pouco mais de Ártemis em sua vida, uma boa opção pode ser se dedicar a esportes e viagens. Conhecer novos lugares e viver em culturas estrangeiras são formas de ganhar experiências que podem trazer à tona a autoconfiança da deusa.
Uma alternativa também é "dar um basta" nos homens por um certo período de tempo. Ir para fora da cidade, para a natureza, cultivar o isolamento, a amizade com outras mulheres e colocar a atenção em si mesma.
Que a coragem, a habilidade de foco e determinação desta deusa, lhe inspire a perseverar na direção daquilo que traz profundo significado para sua existência.
Com amor,
Monique
Este texto tem como fonte a obra de Jean Shinoda Bolen, As Deusas e a Mulher.