Hera, a esposa.

Hera é imponente, real e bela, chamada de Juno pelos Romanos, é a deusa do matrimônio. Esse arquétipo representa a forma feminina da ideia de herói e possui dois aspectos contrastantes: por um lado é a poderosa deusa do casamento e, por outro, foi difamada como víbora vingativa, briguenta e ciumenta.
A mulher sob influência deste arquétipo possui uma força intensamente poderosa para a alegria ou para a dor. É a mulher que possui o ardente desejo de ser esposa, que se sente incompleta sem um companheiro e que sofre quando não há um homem em sua vida. Elas querem o prestígio, o respeito e a honra que o casamento para elas simboliza. Não basta só viver junto, elas querem ser reconhecidas como a fulana “sra de tal”.
Quando Hera é o arquétipo principal, a mulher pode, no dia de seu casamento, se sentir como a própria deusa. O casamento a enche de alegria! Além da celebração, esse arquétipo também proporciona à mulher a capacidade de estabelecer o elo, de ser fiel, de suportar e de passar pelas dificuldades com o companheiro. São mulheres que têm prazer em fazer do marido o centro de sua vida: “o melhor é sempre guardado para ele”. Por outro lado, a mulher que não tem Hera como um arquétipo ativo, pode talvez não se casar e se sentir completamente bem vivendo por conta própria ou, pode se casar, e ainda assim ter a impressão que algo está faltando, uma vez que não se sente tão ligada ao homem com quem casou (está faltando Hera!).

Quais as dificuldades?
Essas mulheres, quando traídas ou decepcionadas, reagem à perda e à dor com mais raiva e atividade, do que com depressão (como é o caso de Deméter e Perséfane). Para elas, a vingança é um truque mental que as fazem se sentir poderosas ao invés de rejeitadas.
É muito importante que a mulher Hera, tenha consciência do arquétipo presente em si, pois, dependendo da qualidade do casamento e da fidelidade do homem, o casamento será fonte de muito significado e realização ou de muita dor e raiva. E, quando infeliz, essa mulher se torna obsessiva.
Como se desenvolver?
Como citado, quando prevalece Hera, é fundamental que a mulher não se case com romances aleatórios ou com qualquer homem que não conheça muito bem. Já que o matrimônio é tão importante para ela, é bom que resista ao casamento até saber o bastante sobre o futuro esposo: que espécie de temperamento ele tem? Quão emocionalmente maduro ele é? Até que ponto ele está pronto para se estabelecer? Qual importância da fidelidade para ele? O que ela realmente sente por ele? Quão compatível são como casal? Responder essas perguntas é importante para a felicidade futura da mulher tipo Hera. Uma vez casada ela dependerá do caráter daquele homem e de sua capacidade de amá-la. Então haverá uma Hera realizada ou uma Hera raivosa e desiludida.
Também é importante que a mulher sob influência desse arquétipo mantenha interesses mais amplos do que somente o casamento, pois a influência das outras deusas pode diminuir dramaticamente, quando a mulher Hera se casa. Até mesmo com relação à sexualidade. Casada, ela pode limitar sua vida e se adaptar aos interesses do marido.
Caso o casamento não prospere da melhor forma, a mulher terá que passar por um doloroso processo para livrar-se de ser vingativa, vitimada, para conter seus impulsos hostis, refletir sobre as chances disponíveis e canalizar sua raiva para o trabalho. Qualquer espécie de trabalho pode servir para sublimar a raiva. À esposa frustrada caberá aceitar a realidade, em vez de negá-la. Será preciso parar de esperar a reconciliação e prosseguir na vida.
Como cultivar Hera em si?
Hera aparece na vida da mulher quando ela deseja estabelecer um compromisso e quando tem oportunidade e vontade de mantê-lo. Para isso acontecer será preciso refrear a promiscuidade ou a independência, caso, por exemplo, sejam Afrodite ou Ártemis que estejam em ação. Será preciso favorecer Hera, por exemplo, e essa precisa ser uma decisão consciente.
Além disso, para tornar possível a necessidade de Hera realizar-se enquanto esposa, a mulher precisará se desencantar e tirar do seu foco homens "não casadouros". Talvez seja preciso reavaliar sua percepção em relação aos homens que tem valores tradicionais, adequar a imagem de um homem desejável para um com o qual possa verdadeiramente estabelecer um compromisso.
Com amor,
Monique
Estes texto tem como fonte a obra de Jean Shinoda Bolen, As Deusas e a Mulher.